domingo, 10 de novembro de 2013

O FUNERAL


As pessoas foram chegando, vinham de vários lugares...
-Meus pêsames.
-Meus sentimentos querida.
Estava ali, a essa altura das horas, nem ouvia mais, tanta falsidade, tanta hipocrisia.
Minha sogra essa sim estava sofrendo e muito, afinal, perder o filho assim tão de repente...
- Ele teve um enfarto fulminante todos comentavam.
Sentada ali olhando você agora completamente imóvel, confesso que não dava para acreditar...
Mas comecei a rever nossas vidas...
Eu tinha 15 anos quando fui comprar pão para o lanche da tarde, senti as pernas tremerem, meu coração disparou, meus olhos fixaram naquele rapaz tão lindo, alto, cabelos negros, pele branca como neve e um par de olhos azuis que lembravam o céu...
Foi amor à primeira vista, sei que o seu também mesmo que negue até hoje, afinal, foi você que chegou puxando conversa... E te digo eita conversinha furada...
Você estava com 29 anos; meu pai quase teve um enfarte quando pediu permissão para namorar comigo. Só ai soubemos quem realmente você era.
Todas comentavam do solteiro mais cobiçado na pequena pacata cidade, lindo, riquíssimo de família muito tradicional donos de uma importadora e mineradora de diamantes que vinham direto de Angola, onde são extraídos os maiores.
Mesmo muito contrariado, pois a diferença de idade era muito grande, meu pai aceitou seu pedido, minha mãe o convenceu, já que ela viu nos meus olhos que seria ele que eu tinha escolhido.
Ate então eu não tinha ideia o que era ser riquíssimo.
Menos de seis meses noivamos e casamos.
O casamento foi o maior acontecimento na cidade, me senti uma princesa, até foi filmado para um programa de televisão.
Seu pai nos emprestou o jatinho, naquela época pouquíssimos tinham jatinho particular, fomos até Fortaleza CE onde passamos quinze dias de conto de fadas.
Você foi muito gentil comigo, afinal, eu era virgem.
Depois passamos mais quinze dias em Angola, voltamos para nossa casa que era enorme, nos primeiros dias até me perdia... Muitas vezes queria chegar na biblioteca acabava saindo no quintal também muito enorme, com piscina e até guadra de tênis e de futebol… parecia um clube.
Na frente um jardim belíssimo no estilo japonês onde até uma fonte tinha, que você mandou o arquiteto fazer pois soube que amava, colocou na varanda uma rede, enfim, nos seis meses foi me questionando e aprontando as surpresas que quando voltamos da lua de mel eu não acreditava, vi nosso closet com os banheiros separados? Foi um sonho.
O tempo foi passando…
Dois anos de casados todos me cobrando o herdeiro, nossas mães estavam ansiosas queriam ser avós nossos pais então...
O seu estava preocupado com a continuação da família…
Uma pressão enorme cada mês que ficava menstruada era um drama…
Procuramos especialistas e não encontravam nada de errado em mim, um dia um falou que era preciso você fazer o exame! Lá nunca mais voltamos...
Dizia que eu estava enlouquecendo, se lembra?
Levava-me ao psiquiatra que me entupia de remédios e eu dormia praticamente o dia inteiro, nem o piano mais eu tocava e nem comparecia mais nas recepções, pois não tinha vontade de nada.
Quando me dei conta já estávamos casados 10 anos!
Sempre muito atencioso comigo, nas viagens me levava. Nos jantares nem sempre ia, pois eram de negócios, mas conheci quase o mundo inteiro, onde mais eu gostava era o glamour de Paris.
Uma festa gigantesca me preparou nos nossos 15 anos e viajamos fomos para as ilhas gregas passamos um mês, nem notei que quase não te via... Depois fiquei sabendo que tinha levado uma de suas amantes a deixou em outro hotel, você se preocupava em nunca me deixa sabendo… Isso até te agradeço.
Depois de uma dessas viagens de negócios, acordei com disposição e resolvi arrumar nossas gavetas, até para me distrair, pois queria sair, mas na rua me sentia péssima…
Lembro como a dona Irene, a que cuidava dos quartos, veio correndo para me tirar do seu closet, mas eu lhe falei para descer, pois estava me distraindo.
Peguei nossas fotos revi tudo eram milhares, lógico não consegui ver tudo, quando fui guardar vi um envelope de laboratório e abri... Quase desmaiei, achei que estava delirando, afinal, foram anos e anos você me chamando de árvore seca, que não era capaz nem de dar um filho... Nossa até sinto o que senti naquele momento... Tomando remédios fortes de tarja preta, que o psiquiatra me passava anos a fio, pois você falava que como eu não engravidava estava ficando doida.
Era um exame de espermograma, em seu nome, escrito bem legível: AZOOPERMIA NÃO OBSTRUTIVA, ou seja, ausência total de espermatozoide.
Meu mundo caiu já haviam passado dezoito anos dessa culpa e desespero.
Pior de tudo quando li a data, meu Deus havia feito no nosso terceiro ano de casados!
Não tínhamos filhos por sua culpa! Poderia ter me dito, poderíamos termos adotado, tentado inseminação artificial, mas teria que ser esperma de outro e lógico você nunca aceitaria…
Meus pensamentos começaram a se embaralharem, então guardei no mesmo lugar fui deitar e a noite quando trouxeram os meus remédios fingi que tomei, em seguida joguei no vaso sanitário.
Acordei com uma enorme dor de cabeça olhei no relógio eram 03h00minhs da manhã e você não tinha chegado.
Tomei um analgésico, fiquei bem quietinha, acabei adormecendo novamente.
Acordei já eram 10 h Neusa, nossa arrumadeira, trouxe o desjejum, perguntei de você, me respondeu que já havia saído, mas na realidade nem apareceu.
Ela também me trouxe os remédios que fingi toma-los novamente foram no vaso sanitário, como vários dias seguidos.
No dia da consulta o motorista já estava me aguardando, desci entrei no carro e guando ele começou o trajeto mandei ir para casa de minha mãe, quase tive que brigar para ele não fazer as suas ordens, mas também o lembrei de que eu era patroa e estava mandando e não pedindo... Lógico, tive que dar uma de superior coisa que nunca aceitei e sempre rejeitei.
Quando parei na frente da casa de minha mãe, me senti uma menininha, um aconchego meu pai veio correndo me receber de braços apertos e me joguei neles, minha mãe nem acreditava não sabiam o que fazer para me agradar.
Confesso que esse dia não queria voltar.
Não contei nada para eles, tomamos café, comemos até bolinho de chuva, uma tarde maravilhosa.
Que há muito tempo não passava...
Nem preciso comentar que nessa noite você veio... Tarde mas veio meio bêbado, queria o relatório, já havia pegado com o motorista, pois apesar de poder ir para qualquer lugar sempre acompanhada de motorista, seguranças, era vigiada.
Expliquei que havia parado de tomar os remédios e estava me sentindo bem, até o piano voltou à vontade de tocar, lógico que perdi a pratica...
Tentou me jogar na cara sobre a falta de filhos, mas por incrível que pareça me sai muito bem. Te dei vinho, adormeceu rapidinho.
No outro dia foi trabalhar antes de eu acordar.
Eram mais ou menos 11:00 hs quando telefonei para o escritório e avisei que iria almoçar com você, lógico que me disse que não podia, mas o intimei.
-Amor estou indo.
Foi bem estranho quando entrei no prédio. O porteiro que era novo nem me conhecia, apenas os mais antigos se assustaram ao me verem.
Fomos ao restaurante que acostumávamos almoçar ou jantar, principalmente nos primeiros anos de casados...
Fez o mesmo pedido de sempre, eu mudei o meu: pedi um strogonoff que acompanhava fritas, arroz e até tomei uma taça de vinho que fiquei meia zonza já que não tinha costume de beber.
Ainda brindei:
-Tim,tim amor a minha volta a vida!
Como sempre gentil brindou comigo.
Conversamos um pouco sobre assuntos bem superficiais até o momento que não resistiu e me perguntou:
- Vamos lá, me diga a real por que veio?
- Nossa amor precisa de motivos? E ainda real? (risos)
- Ok, não vai me falar agora sem problema, gostei de sua vinda, falou com um sorriso largo e lindo.
- Obrigada! Mas sabe eu tenho mesmo um motivo, e não queria falar em casa.
Com uma gargalhada você disse:
- Eu sabia... Me diga não me deixe mais curioso que estou!
- Vou voltar para a faculdade!
- Nossa nem sei se acho ruim ou bom... Pareceu meio atônito...
- Sinceramente espero que goste e me ajude escolher em qual.
- Podemos nos falar no jantar? Falou de modo ainda espantado...
- É um convite? Respondi com olhar meio safadinho...
- Com certeza! Chego a casa mais cedo cancelarei alguns compromissos.
- Por isso que te amo, sempre sabe como me agradar.
- Quer sobremesa?
- Hoje quero tudo que tenho direito, um pavê.
- Nossa está parecendo à menina que conheci me aguarde, pois lhe darei tudo e um pouco mais.
Juntos rimos.
Ele voltou ao escritório e eu voltei para casa, mas antes dei uma paradinha no salão de beleza e fiz tudo que tinha direito (a Ana até se assustou, pois ela sempre me atendia em casa).
Ainda deu tempo de dar uma passadinha no shopping, comprei um presente para o Marcos e um vestido, meia, sapato e até uma lingerie nova.
Chegou por volta das 19h30min hs me elogiou e sentamos para jantar, começamos a papear como antigamente...
Ele me deu a ideia de fazer administração de empresas, pois a faculdade da cidade era ótima e poderia fazer no período matutino.
Acatei a ideia.
D. Vilma caprichou no jantar e na sobremesa.
Lembro que passamos mais uns anos agradáveis...
Numa noite após o jantar estávamos sentados frente a frente em nossas poltronas quando a governanta Marta veio anunciar que a Kátia a secretaria dele estava querendo falar.
Ele mandou entrar acreditando se tratar de serviço.
Kátia uma moça de mais ou menos 25 anos, cabelos longos bem negros, toda arrumada disse:
- Sr. Marcos desculpe interromper... Mas estou aqui para avisar que vai ser pai estou grávida!
- Imagina você está louca! Como se atreve vir a minha casa falar tamanha mentira?
Marcos fixou o olhar em mim, que continuava apreciando a taça de vinho como se nada estivesse acontecendo.
Kátia com muita raiva porque nem me alterei continuou…
- Eu louca? Sabe muito bem que louca aqui é sua esposa.
Marcos chamou os seguranças.
Eu com toda calma falei:
- Calma amor... Não precisa deles, querida Kátia você pode não ser louca, mas é mentirosa faça primeiro o DNA... Ele é estéril.
Depois de 22 anos de casados, Marcos quase desmaiou ficou branco como cera.
Kátia querendo fazer escândalo,
- Imagina temos um caso 7 meses você que não quer aceitar.
A essa altura Marcos não conseguia falar nada.
Eu com toda tranquilidade continuei.
- Kátia você deu o golpe errado, ele é estéril como uma árvore oca em um deserto... Simples assim.
Agora, por favor, se retire da minha casa amanhã no escritório continua com seu barraco.
Marcos perdeu a pose caiu sentado na poltrona, parecia mesmo que iria perder o sentido.
Afinal a máscara tinha caído.
Kátia vendo a situação que não conseguiu me abalar, saiu gritando que iria atrás dos direitos dela.
- Vá mesmo eu lhe disse, mas leve o DNA... Sentei novamente, enchi minha taça e a dele.
Marcos não falava ficou paralisado esperando que eu fosse fazer um escândalo.
Sentei e voltei a apreciar o vinho maravilhoso que ele havia escolhido. Marcos quase sem forças.
me disse:
- O que você disse?
- Para ela se retirar.
- Não quando falou do golpe dela…
- Falei porque realmente ela quis de dar um golpe.
- O que mais? Que era para fazer o DNA, por que sou estéril?
- Sim, estéril como uma árvore oca no deserto, como sempre me dizia.
- Mas falou com tanta convicção, você está louca…
- Querido, o interrompendo, sabe que louca não sou, quase fiquei, mas não, nunca estive e muito menos estou.
- Mas como? Ele quase sem força.
- Como o que? Como eu sei?
-... (ergueu os ombros)
- Já tem tempo que achei seu exame, a partir dai parei com os remédios, continuei a terapia apenas, pois me fazia bem.
Sei que anos me cobrou uma coisa que o problema era contigo…
Que anos me traiu, inclusive com funcionárias suas, que muitas noites nem dormiu em casa, que levava suas amantes em nossas viagens, que comprou joias, carros e até casa para algumas… Enfim, anos me dando tudo que o dinheiro pode dar, mas nunca me respeitou quase me enlouqueceu falando que eu era uma árvore seca em pleno deserto…
Me vigiava 24 horas imaginando que eu poderia fazer o mesmo, os meus seguranças era mais idosos… só esqueceu que gosto de homem mais velho, foi isso que você me conquistou…
Nunca me deixou estudar à noite, como se durante o dia não poderia te trair, afinal você foi várias vezes em motéis na cidade vizinha durante o dia. Sei também que pagava para as empregadas de casa me vigiarem.
Mas tudo relevei, afinal, cansei de falar em me separar de você e nunca aceitou iria ser um escândalo na família.
Para mudar de ideia me trocava o carro de seis em seis meses, sempre o mais confortável, o mais luxuoso, mas nunca se preocupou em me perguntar qual eu queria! Trazia e pronto. Assim nesse dia pude despejar tudo e mais um pouco para ficar ciente que eu sabia de tudo, coisas que sempre acreditou me fazer de boba… Por incrível que pareça essa noite você não falou nada! Pensei que estava bêbado, mas estava sóbrio, bem sóbrio… Se levantou segurando e amparando na parede subiu.
Terminei de tomar minha taça de vinho e subi.
Você estava estático sentado em nossa cama. Fui me troquei e deitei lhe dei boa noite!
Essa noite foi você que ficou se virando para lá e para cá e não dormiu, em compensação dormi como uma inocente criança de alma lavada.
O tempo como sempre foi passando rápido, nunca mais tocamos no assunto, você acatou a minha ideia de dormirmos em quartos separados, fez uma pequena reforma e abriu uma porta que ligava nossos aposentos.
Seu pai e eu passamos a conversarmos muito sobre a empresa, me encantei como ele conseguia planejar, arquitetar e colocar em prática suas grandes e modernas ideias. Pediu para eu ir trabalhar com ele.
Você foi muito legal não se opôs lógico que depois fiquei sabendo que Sr. Martins o intimou a aceitar.
Sr. Martins queria que eu já começasse como sua assessora, mas ainda terminando a faculdade, estava fazendo bacharel.
Acabou concordando comigo que a melhor maneira de me inteirar e conhecer bem a empresa começaria pela recepção, melhor lugar de conhecer todos os funcionários e o que se passava com eles...
Aos poucos fui aprendendo todos os setores, tinha muita facilidade em aprender, Sr. Martins fazia questão de me esclarecer o que tinha dificuldade.
Quando cheguei ao andar da presidência, confesso que minhas pernas estremeceram e tive a impressão que nunca havia pisado lá, tamanha foi minha emoção. O andar todo encarpetado tinha uma mini recepção onde a Flavia ligava para as devidas secretárias quando chegavam os grandes negociantes, comerciantes, compradores…
Bem em frente à porta maior era a do Sr. Martins, quando abria a dupla porta um elegante escritório com uma secretária já madura que trabalhava com o Sr Martins a mais de 20 anos e ele não a trocava de jeito nenhum, era tipo braço direito dele, mantinha sua agenda em dia e atualizada, nunca o deixava perder compromisso nenhum, muito responsável e sempre discreta e muito elegante. Em seguida outra porta e uma sala muito confortável, onde Sr. Martins recebia a todos. Seu escritório era bem reservado, lá só entrava mesmo pessoas que realmente ele confiava cem por cento.
Do lado esquerdo da sala havia uma porta onde o Carlos irmão do Marcos trabalhava, com um secretário, sua esposa a Cristina nunca o deixou admitir mulher. Do lado direito com um escritório um pouco maior que do Carlos era do Marcos, ele tinha uma assistente e uma secretária sempre contratava moças, sempre as trocava…
Qual foi meu espanto quando cheguei às 13.00 hs, para começar a ser assistente do presidente, meu sogro me aguardava na recepção no térreo com um sorriso maravilhoso, era um homem até atraente, com seus cabelos grisalhos sempre muito cheiroso e elegante, sempre combinava sapatos, meias e cintas, isso lhe dava um charme a mais. Tratava todos os funcionários iguais, era adorado, dos ajudantes de limpeza até a sua assistente com muito respeito e consideração. A frase dele:
- Empregado feliz produção dobrada. E funcionava mesmo, tudo andava como uma engrenagem, todos sabiam o que fazer e faziam bem feito.
Chegamos e a Flávia me recebeu com flores.
Me emocionei e quase desmaiei quando Sr. Martins abriu a porta da sala do seu escritório, vi que havia uma porta ao lado da dele, sim ele havia dividido sua sala para eu ter uma sala ao lado da dele. Lógico que Carlos e Cristina ficaram com inveja e com raiva… Mas Sr. Martins fez questão de deixar bem claro que o fiz por merecer.
Quando Marcos soube que eu ficaria ali bem pertinho… Tive dó e fui falar com ele.
- Marcos fique tranquilo vai continuar como antes, farei tudo para nem notar que estou trabalhando aqui, pode continuar com suas aventuras, suas loucuras.
Ele perdeu a fala… Assim ficamos tão perto e tão distante…
Cristina tentou se tornar minha amiga coisa que nunca foi... Mas sem chance não suportava falsidade.
A minha sogra ficou enciumada e achou que Sr. Martins e eu estávamos tento um caso! Imagina!
Passou a sempre vir ao escritório e mais vezes em nossa casa.
Ela que me convidava agora para viajarmos juntas... Mas lógico que a intenção de me vigiar era a mesma, apenas mudou o foco…
Passei a tomar conta de vários setores que seu pai foi me incumbindo, fui pegando gosto, voltei para a faculdade para fazer economia, lógico que você não se impôs, mas tive que fazer pela manhã como sempre...
Abriu mais minha mente e meus horizontes e comecei a dar umas ideias para seu pai que levava para as reuniões e seu irmão sempre contra, mas a maioria aceitavam e colocávamos em prática e dava certo.
Mas e agora?
Você partiu definitivamente! Nem nesse momento poderia se diferente não é mesmo Marcos? Todos falavam que teve um enfarte fulminante em sua mesa de escritório...
Mas a verdade, apesar de sua idade, continuava se achando um garotão, foi mesmo um enfarte fulminante o socorro chegou rápido, mas nada pode ser feito...
Fui com seu pai ajudar na hora que sua assistente começou a gritar por socorro... Que cena terrível, Sr. Martins sempre muito discreto teve que retirar você decima de sua secretaria, enfim, o excesso de Viagra para dar conta de uma menina de 22 anos seu coração não aguentou.
Mas ninguém poderia ficar sabendo da forma deplorável que partiu "o doutor", seu pai como várias e varias vezes já estava acostumado pagou muito dinheiro para a garota ficar de boca calada, mas eu vi.
Nunca me preparei para isso e muito menos você partir definitivamente e me deixar e dessa forma tão... Nem palavra consigo expressar essa cena que me parecia um filme não estava acontecendo comigo...
Apesar de tudo quem me cuidava, me apoiava sempre era você, não é estranho?
Em todos esses anos continuei te amando e te juro nunca te trai, mesmo você desconfiando.
Tantos anos e meu melhor amigo, meu grande amor me deixou…
Não sei o que farei e nem ideia de como minha vida ficará.
Só sei uma coisa que sempre quis fazer, semana que vem irei a uma agencia de automóvel e comprarei um que irei escolher!
Espero que ninguém tenha notado o meu sorriso… nesse pensamento me senti vingada.
Chegou a hora da despedida, fui amparar sua mãe e seu pai nos amparou duas...
Chegamos aos nossos 33 anos de casados, tenho 48 anos... Estava já planejando nossa festa de 35 anos de casamento queria refazer a cerimônia de casamento como havíamos feito nos nossos 25 anos, bodas de prata, lembra? Imagina estou delirando falando contigo!
Após o sepultamento fui para a casa de meus pais, tirei um mês de férias, pois não saberia chegar lá sabendo que você não estaria.
Nossa casa ficou maior e vazia…
Peguei seu exame depois de uns quinze dias e fui fazer uma visita para sua mãe, ela estava tentando se conformar me recepcionou meia fria, não sei se é porque estava se recuperando de uma cirurgia plástica, era muito vaidosa.
perguntou o que tomava.
- Um café! Respondi tentando dar um sorriso.
- Só? Pediu café chá e uns biscoitos.
Com dificuldade puxei um assunto…
Começamos a conversar, quando ela fez questão de me falar que pena que não dei um filho para você, sempre foi um sonho seu.
Delicadamente tirei o exame da bolsa e mostrei para ela que não quis acreditar!
Mostrei o nome do laboratório muito confiável, a data e quem tinha feito era você e que havia escondido de todos... Parece que toquei no coração dela, me olhou nos olhos vi até uma ternura, desde quando eu sabia sua pergunta.
Falei que há muito pouco tempo.
Me perguntou para quem contei?
Para ninguém d. Rebeca.
Guardou esse segredo todos esses anos?
Alguns anos Marcos soube que eu sabia, agora estou contando para a senhora e deixo esse envelope para ser guardado, queimado o que ela quisesse fazer.
Ela me abraçou e disse;
Muito obrigada! Perdoa-me.
D. Rebeca vou fazer uma tour pelo litoral de navio, vamos comigo?
- Quem vai? Ela curiosa
- Se resolver ir, somente a senhora e eu.
Consegui tirar um sorriso daquele rosto que ainda estava roxeado pela cirurgia.
- Vamos sim!
- Ótimo hoje mesmo irei ver as passagens…
Marcos sinto muito sua falta, mas tentarei usufruir um pouco de tanto dinheiro que me deixou e que estou ganhando também…
Um dia nos reencontraremos…
-Te amo!



Autora: (cyda Ferraz)
Cyda Ferraz
Cyda Ferraz
Enviado por Cyda Ferraz em 29/08/2013
Reeditado em 29/08/2013
Código do texto: T4457380
Classificação de conteúdo: moderado

Comentários
15/10/2013 16:51 - olga [não autenticado]
Que texto bom Cyda, conseguiu me deixar curiosa,li em dois dias por falta de tempo,mais não me saiu da cabeça louca pra terminar de ler, pra ver o final.Me lembrou muito os livros de Agatha Chrístie,só que sem crimes kkkkkk Parabéns
15/10/2013 01:02 - poetisa adorável
Querida poetisa, que texto maravilhoso! Parabéns por conseguir manter a atenção do leitor com tanto detalhe, um texto muito rico, nossa viajei, parecia que eu estava assistindo como a uma novela, uma trama para autor nenhum botar defeito, e melhor, com um final digamos que feliz, nossa fiquei mim indagando se esse conto é real, porque nossa, maravilhoso! PS. muito obrigada pela amável visita e comentário, e mais uma vez parabéns pelo belíssimo conto.
29/09/2013 16:08 - Regina Rigamonti [não autenticado]
Muito bom :)
31/08/2013 09:01 - Uilson Oliveira [não autenticado]
Muito legal... foi fácil ler até o fim, pois a curiosidade do fato seguinte foi me prendendo...a cronologia dos acontecimentos estão bem ordenados...e vão se encaixando paulatinamente...parabéns...

Sobre a autora
Cyda Ferraz
São Paulo/SP - Brasil
156 textos (14304 leituras)
(estatísticas atualizadas diariamente - última atualização em 10/11/13 10:55)

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